Patrícia dos Santos |
Alunas da 5ª à 8ª séries do Colégio Estadual João Paulo II, Luciane, Elaine, Nicole, Graziela e Marlize, que contaram suas experiências com a leitura dentro e fora da escola. |
Por Marina Maria Rodrigues e Patrícia dos Santos (Projeto Comunica/UFFS-Realeza)
A abordagem da prática da leitura nas escolas começa logo nas primeiras séries, mas é no Ensino Fundamental que ela se consolida. É nessa fase que o aluno aprimora o gosto pela leitura, suas preferências por gêneros e estilos e também desenvolve o senso crítico, que é vital para que a leitura se torne um hábito.
Para fomentar o interesse do adolescente pela prática habitual da leitura, um agente essencial é a biblioteca. Para isso, é importante que esta esteja sempre à disposição do estudante, seja dentro da escola ou fora dela.
Entretanto, nem sempre o aluno tem o respaldo necessário para acesso às obras, tanto didáticas quanto literárias. Algumas escolas encontram adversidades no funcionamento de suas bibliotecas, e um exemplo presente no Município de Realeza é o Colégio Estadual João Paulo II.
Segundo a diretora Leila Leão, há um desfalque no quadro de funcionários do colégio, devido às licenças maternidade ocorridas neste ano. Por este motivo, a biblioteca ficou sem atendimento, o que impossibilita principalmente os alunos da 5ª e 6ª séries de realizar seus empréstimos. Já os alunos da 7ª e 8ª séries têm a autonomia de irem até a biblioteca e eles próprios realizarem as trocas de livros.
Para suprir essa carência de orientação e instigar a prática da leitura nos alunos, existe no Colégio João Paulo II um projeto de rodízio semanal de leitura, que é praticado durante uma aula por semana, em todas as matérias, com leituras de obras clássicas e material didático. Há também um círculo de leitura, em que são trabalhados geralmente contos, que são previamente lidos pelos alunos e posteriormente analisados e discutidos em encontros semanais.
O Comunica foi ao encontro dos alunos para saber como funciona o relacionamento de cada um com os livros, a frequência com que praticam a leitura e suas preferências literárias. Dentre as meninas, a poesia é quase que unanimidade, já para os meninos, os livros de aventura e suspense têm maior procura. A aluna Nicole Lopes, 10 anos, está na 5ª série e contou como é sua experiência com a leitura: “Leio mais em casa, pois na escola, além de estarmos sem acesso à biblioteca, não temos muito tempo em sala de aula. Geralmente empresto livros de amigos ou na biblioteca pública”. Afirmou ainda que sentiu uma diferença considerável no nível de leitura exigido entre a 4ª e 5ª séries, pois está tendo o primeiro contato com obras renomadas da literatura e também iniciando trabalhos com gêneros textuais e discursivos, que variam desde o teatro com fantoches até a produção de textos.
Outra instituição de Ensino Fundamental visitada pelo Comunica foi a Escola Estadual Dom Carlos Eduardo, que conta com uma biblioteca ativa dentro da escola e, do outro lado da rua, possibilitando acesso imediato, com a Biblioteca Pública Municipal.
A coordenadora pedagógica da escola, Elizete Zamarchi, comentou sobre como tem sido a prática da leitura e sobre os problemas que influenciam não apenas essa prática, mas o desenvolvimento escolar dos alunos: “Há um grande interesse pela leitura por parte dos alunos e a frequência na biblioteca é considerável, o que os incentiva é o fácil acesso, tanto na escola quanto na biblioteca pública. O problema que temos enfrentado e que é mais preocupante é a violência, pois o aluno se dispersa em meio a um ambiente cheio de conflitos”.
A professora Roselei Estrai, que trabalha com as turmas de 6ª e 7ª séries, afirma que, apesar do interesse, a maior dificuldade dos alunos é descobrir quais são suas próprias preferências na hora da leitura. Segundo a professora, trabalhar com a interpretação e o resumo das obras lidas possibilita não só o desenvolvimento do raciocínio, mas também da escrita.
Um dos aspectos relevantes é o incentivo da leitura em casa, que tem um papel importante na formação do leitor. Em conversa com o Comunica, a aluna da 6ª série Ariane Kozerski, de 11 anos, afirma que o incentivo da mãe é fundamental: “Tenho um horário de leitura em casa e meu acesso a livros é pela escola e pela biblioteca pública, que frequento com minha mãe. O que gosto de ler são histórias infantis, gibis e agora estou conhecendo a poesia”.
Apesar dos empecilhos existentes no caminho do adolescente para se tornar um sujeito leitor, deve-se ressaltar que são fatores alheios à vontade dos professores. É notável o esforço que cada escola emprega para contornar essas dificuldades e trabalhar em prol de construir pontes para que o aluno tenha acesso ao mundo da leitura.
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