terça-feira, 17 de abril de 2012

O dia em que o rugido não foi mais ouvido

Por Jéssica Pauletti (Ciências Naturais/ UFFS)

Há momentos em que não sabemos o que fazer, sentimo-nos como um leão que passou alguns anos preso em jaula e agora pode sair, ficar livre, correr entre as árvores, caçar, mas, como se sofresse de uma hipnose ou algo do gênero, ele não sabe para onde ir ou como proceder. O que o leão somente gostaria de fazer era cavar um buraco bem grande com toda a força do mundo como se aquilo fosse o objetivo mais forte e interessante da sua vida. Depois disso, ele se jogaria dentro desse buraco e esqueceria de tudo e todos. Não que fosse morrer, ele apenas queria um momento só dele.

Alguém pode perguntar como um animal que se diz tão forte, exigente, organizado e outras coisas a mais, pode querer cavar sua própria “cova” temporária como uma espécie de refúgio. Dúvidas e incertezas rondam a cabeça do leão como se fossem anjinhos e diabinhos, cada um dizendo o que deve ser feito, escolhas...

Esses percalços parecem não feri-lo ou atingem-no levemente, no entanto, há algo que o machucou tanto que deixou seu coração despedaçado e não foi nenhuma doença cardíaca ou algo assim. O que de fato o afetou foi um amor, sim meus caros leitores, um amor incondicional, que durou o tempo suficiente para ser avassalador e deixar resquícios amargurantes e duradouros.

Não há explicação, muito menos compreensão para a relação que estava sendo construída, se só tinha significado para o leão, visto que sua companheira o valorizou de modo muito superficial e menosprezante. Ela não percebeu em momento algum que suas atitudes, perante à floresta, poderiam proporcionar consequências drásticas ao coração e à vida do leão.

O leão não queria entender que a relação foi jogado fora, descartada como um papel de bala, tudo parecia insuportável, mas nada poderia ser feito naquele instante, o mundo estava desabando, o sol parava de brilhar e o sorriso se fechou, apenas um dilúvio começou em sua cabeça tudo girando, pirando.

Mas era necessário enfrentar o turbilhão, pois a vida do leão continuava mesmo que um pedaço seu tivesse sido literalmente arrancado. E encarrar os novos dias é uma questão de sobrevivência, saber que o relógio conta as horas e carrega o corpo para o futuro, não significa que o passado é apagado e, por vezes, lembrado. No caso do leão, apesar de o tempo ter passado, a ferida não fora curada.

Moral: Dizem que o tempo é o remédio para todas as feridas, porém nem sempre isso é verdade.

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