quarta-feira, 31 de julho de 2013

“Anos 80, Rock e rebeldia nas ruas”

Projeto PIBID de Letras e Projeto de extensão Poesia MPB organizam oficina na UFFS/ Realeza

Por Vanessa Pagno (Química/UFFS)

Na última quinta-feira, 18 de julho, os participantes dos projetos PIBID de Letras e Poesia MPB ministraram a oficina intitulada “Anos 80, Rock e rebeldia nas ruas”. A oficina foi conduzida pelo professor Dr. Sérgio Massagli, coordenador do projeto de extensão Poesia MPB, e as discussões e apresentações das músicas dos anos 80 ficaram por conta dos acadêmicos bolsistas do PIBID de Letras da UFFS Campus Realeza.
O professor Sérgio abriu o encontro relatando que os anos 80 foram um período marcado pelo fim da ditadura militar, pelo processo de redemocratização, por diversas manifestações, pelo grande crescimento das cidades, ocasionado pelo êxodo rural e que, por isso, as músicas da época, principalmente o rock, eram bastante críticas.
Cristiane Wisnievski
Professor Dr. Sérgio Massagli na abertura do encontro.
Para aprofundar as discussões sobre os anos 80, os bolsistas do PIBID iniciaram suas apresentações. Primeiramente, Alceni Elias Langner e Eline Souza Barboza realizaram uma breve discussão sobre o cantor Raul Seixas, desde suas músicas críticas até o contexto da época. Depois, analisaram a letra da música “Aluga-se”, do cantor. Durante a apresentação, eles comentaram que o cantor Raul Seixas sempre foi bastante polêmico, dado o contexto em que ele viveu, e que essa música, “Aluga-se”, trata-se de uma crítica à entrada de multinacionais, e dos processos de privatizações que estavam ocorrendo, por isso a letra diz que a solução seria alugar o Brasil para os estrangeiros.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Alceni e Eline durante o encontro. 
Dando continuidade ao encontro, os acadêmicos Débora Karina e Lucas Zvetz Duarte comentaram sobre o grupo Legião Urbana e analisaram a letra da música “Que país é esse?”. Segundo os acadêmicos, como estavam estudando os anos 80 e as músicas críticas da época, logo pensaram em trabalhar com Legião Urbana, pois o grupo é bastante conhecido por suas músicas críticas ao governo, à cultura e à sociedade. A escolha pela música “Que país é esse?” se deve ao fato de que essa letra retrata a indignação de um povo que vê as coisas acontecendo de forma errada e não é feito nada diante disso. O título já nos traz um ponto de interrogação que nos faz refletir sobre qual é a sociedade em que vivemos? O que de fato está acontecendo? E inúmeros questionamentos. Outro motivo forte para a escolha dessa música”, completa Débora, é que a letra foi escrita em 1978, no entanto, vivemos em 2013 e a letra ainda soa muito atual.
 Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Débora e Lucas durante sua apresentação.
Os acadêmicos João Carlos Rossi e Leila Guarda realizaram a análise da música “Bichos escrotos” de Titãs. Segundo esses acadêmicos, os Titãs chamam bastante atenção por suas músicas críticas e nessa música, em especial, há uma forte crítica social e o retrato da revolta da sociedade da época, que queria romper com a estética do belo, de que tudo é bonito e perfeito, queria chamar mais a atenção para quem estava à margem.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Leila e João durante análise da música bichos escrotos.
As acadêmicas Ana Ghizzo e Rafaela Lotici Gonçalvez da Silva trataram da música “Terceira do Plural?”, dos Engenheiros do Hawaii. Elas frisaram que, como essa banda teve início como uma sátira aos estudantes de engenharia (que iam de bermudas para a universidade), isso já prometia que seria sucesso, que seria crítica ao que estava acontecendo na época. De acordo com a acadêmica Ana, a letra da música “Terceira do plural” fala da terceira pessoa do plural “eles”, que são, no caso, as grandes empresas, as grandes marcas, que incentivam o consumismo. “Muitas pessoas saem cantando as músicas, mas muitas nem sabem o que as letras estão tentando passar” completa.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicas Ana e Rafaela durante sua apresentação no encontro.
As acadêmicas Cristiane Wisnievski e Lucieli Dalcanalle realizaram a análise da música “Tempos modernos”, de Lulu Santos. Em entrevista ao Comunica, Lucieli apontou que a escolha por essa música se deu pelo fato de “tratar de mostrar que o futuro pode ser melhor, desde que tenhamos a perspectiva de mudar, fazer algo novo, e com relação à época em que foi escrita, ela trazia esperança aos jovens que estavam começando a se rebelar, fazer ouvirem sua opinião”. Além disso, Lulu Santos mostra uma perspectiva otimista para a época.
Acadêmicas Cristiane e Lucieli durante sua apresentação.
Já os acadêmicos Eduardo Alves dos Santos e Ivan Lucas Faust apresentaram a música “Diário de um detento”, de Racionais MC's. De acordo com os acadêmicos, “seguindo no mesmo sentido de ver a música como crítica ao contexto histórico e social da época, o RAP se constitui como um estilo que representa a realidade das grandes periferias”. Essa música, escrita em 1997, retrata o contexto de uma ditadura, com grandes prisões, que culmina no massacre do Carandiru em 02 de outubro de 1992.
 Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Ivan e Eduardo durante a oficina.
Para finalizar as apresentações, as acadêmicas Ana Cláudia Pietta e Edimara Ferreira analisaram a letra da música “O papa é pop”, também da banda Engenheiros do Hawaii. Segundo as acadêmicas, a música retrata e critica a influência das mídias no contexto da época: tudo o que acontece passa a ser um alvo da mídia.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicas Ana e Edimara durante a oficina.
Em entrevista ao Comunica, o professor Sérgio Massagli comentou que este encontro surgiu da ideia de unir os dois projetos, Poesia MPB e PIBID de Letras, pelo fato de ambos estarem trabalhando com os mesmos temas; além disso, a intenção foi atingir um público maior.
Segundo o Professor, os objetivos deste encontro foram “estudar as letras das músicas populares brasileiras em relação ao seu contexto histórico, social e político e valorizar a letra das músicas como documento a ser utilizado em sala de aula, principalmente nas aulas de Português, mas também interdisciplinarmente”. Sérgio ainda acrescentou que o encontro atingiu seus propósitos, pois as apresentações e análises das músicas foram bem sucedidas e também houve uma boa participação do público.






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