Projeto PIBID de Letras e Projeto de
extensão Poesia MPB organizam oficina na UFFS/ Realeza
Por
Vanessa Pagno (Química/UFFS)
Na
última quinta-feira, 18 de julho, os participantes dos projetos
PIBID de Letras e Poesia MPB ministraram a oficina
intitulada “Anos 80, Rock e rebeldia nas ruas”. A oficina foi
conduzida pelo professor Dr. Sérgio Massagli, coordenador do projeto
de extensão Poesia MPB, e as discussões e apresentações
das músicas dos anos 80 ficaram por conta dos acadêmicos bolsistas
do PIBID de Letras da UFFS Campus Realeza.
O
professor Sérgio abriu o encontro relatando que os anos 80 foram um
período marcado pelo fim da ditadura militar, pelo processo de
redemocratização, por diversas manifestações, pelo grande
crescimento das cidades, ocasionado pelo êxodo rural e que, por
isso, as músicas da época, principalmente o rock, eram bastante
críticas.
Cristiane Wisnievski
Professor Dr. Sérgio Massagli na abertura do encontro. |
Para
aprofundar as discussões sobre os anos 80, os bolsistas do PIBID
iniciaram suas apresentações. Primeiramente, Alceni Elias Langner e
Eline Souza Barboza realizaram uma breve discussão sobre o cantor
Raul Seixas, desde suas músicas críticas até o contexto da época.
Depois, analisaram a letra da música “Aluga-se”, do cantor.
Durante a apresentação, eles comentaram que o cantor Raul Seixas
sempre foi bastante polêmico, dado o contexto em que ele viveu, e
que essa música, “Aluga-se”, trata-se de uma crítica à entrada
de multinacionais, e dos processos de privatizações que estavam
ocorrendo, por isso a letra diz que a solução seria alugar o Brasil
para os estrangeiros.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Alceni e Eline durante o encontro. |
Dando
continuidade ao encontro, os acadêmicos Débora Karina e Lucas Zvetz
Duarte comentaram sobre o grupo Legião Urbana e analisaram a letra
da música “Que país é esse?”. Segundo os acadêmicos, como
estavam estudando os anos 80 e as músicas críticas da época, logo
pensaram em trabalhar com Legião Urbana, pois o grupo é bastante
conhecido por suas músicas críticas ao governo, à cultura e à
sociedade. A escolha pela música “Que país é esse?” se deve
ao fato de que essa letra retrata “a
indignação de um povo que vê as coisas acontecendo de forma errada
e não é feito nada diante disso. O título já nos traz um ponto
de interrogação que nos faz refletir sobre qual é a sociedade em
que vivemos? O que de fato está acontecendo? E inúmeros
questionamentos. Outro motivo forte para a escolha dessa música”,
completa Débora, é que a letra foi escrita em 1978, no entanto,
vivemos em 2013 e a letra ainda soa muito atual.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Débora e Lucas durante sua apresentação. |
Os
acadêmicos João Carlos Rossi e Leila Guarda realizaram a análise
da música “Bichos escrotos” de Titãs. Segundo esses acadêmicos,
os Titãs chamam bastante atenção por suas músicas críticas e
nessa música, em especial, há uma forte crítica social e o retrato
da revolta da sociedade da época, que queria romper com a estética
do belo, de que tudo é bonito e perfeito, queria chamar mais a
atenção para quem estava à margem.
Cristiane Wisnievski
Acadêmicos Leila e João durante análise da música bichos escrotos. |
As
acadêmicas Ana Ghizzo e Rafaela Lotici Gonçalvez da Silva trataram
da música “Terceira do Plural?”, dos Engenheiros do Hawaii. Elas
frisaram que, como essa banda teve início como uma sátira aos
estudantes de engenharia (que iam de bermudas para a universidade),
isso já prometia que seria sucesso, que seria crítica ao que estava
acontecendo na época. De acordo com a acadêmica Ana, a letra da
música “Terceira do plural” fala da terceira pessoa do plural
“eles”, que são, no caso, as grandes empresas, as grandes
marcas, que incentivam o consumismo. “Muitas pessoas saem cantando
as músicas, mas muitas nem sabem o que as letras estão tentando
passar” completa.
Cristiane Wisnievski
As
acadêmicas Cristiane Wisnievski e
Lucieli Dalcanalle realizaram
a análise da música “Tempos modernos”, de Lulu Santos. Em
entrevista ao Comunica, Lucieli apontou que a escolha por essa
música se deu
pelo fato de “tratar de mostrar que o futuro pode ser melhor, desde
que tenhamos a perspectiva de mudar, fazer algo novo, e com relação
à época em que foi escrita, ela trazia esperança aos jovens que
estavam começando a se rebelar, fazer ouvirem sua opinião”. Além
disso, Lulu Santos mostra uma perspectiva otimista para a época.
Acadêmicas Cristiane e Lucieli durante sua apresentação. |
Já
os acadêmicos Eduardo Alves dos Santos e Ivan Lucas Faust
apresentaram a música “Diário de um detento”, de Racionais
MC's. De acordo com os acadêmicos, “seguindo no mesmo sentido de
ver a música como crítica ao contexto histórico e social da época,
o RAP se constitui como um estilo que representa a realidade das
grandes periferias”. Essa música, escrita em 1997, retrata o
contexto de uma ditadura, com grandes prisões, que culmina no
massacre do Carandiru em 02 de outubro de 1992.
Cristiane Wisnievski
Para
finalizar as apresentações, as acadêmicas Ana Cláudia Pietta e
Edimara Ferreira analisaram a letra da música “O papa é pop”,
também da banda Engenheiros do Hawaii. Segundo as acadêmicas, a
música retrata e critica a influência das mídias no contexto da
época: tudo o que acontece passa a ser um alvo da mídia.
Cristiane Wisnievski
Em
entrevista ao Comunica, o professor Sérgio Massagli comentou que
este encontro surgiu da ideia de unir os dois projetos, Poesia MPB
e PIBID de Letras, pelo fato de ambos estarem trabalhando com
os mesmos temas; além disso, a intenção foi atingir um público
maior.
Segundo
o Professor, os objetivos deste encontro foram “estudar as letras
das músicas populares brasileiras em relação ao seu contexto
histórico, social e político e valorizar a letra das músicas como
documento a ser utilizado em sala de aula, principalmente nas aulas
de Português, mas também interdisciplinarmente”. Sérgio ainda
acrescentou que o encontro atingiu seus propósitos, pois as
apresentações e análises das músicas foram bem sucedidas e também
houve uma boa participação do público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário