quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O poder da leitura

Quando a paixão pela leitura une forças com o saber.

Por Josiane Ribeiro (Projeto Comunica/UFFS-Realeza)

       “É minha paixão, minha vida, a literatura”, com este depoimento emocionante a professora Neiva Maria Graziadei Fernandes conquistou seu público no minicurso sobre “a ditáctica da literatura y educación literaria”.
       Filha de argentino nascido em 1900, Neiva afirma que foram as influências que teve quando criança que despertaram tamanho interesse pela literatura. Toda sua formação foi voltada para a vida literária, bem como os projetos que desenvolve com base na literatura comparada e sobre a identidade do sujeito na leitura.
        Segundo a professora, “a literatura existe para nos humanizar, nos tornarmos mais sensíveis”. Como exemplo, Neiva trouxe uma pequena citação retirada de um livro de Kafka que questiona qual o interesse que se pode ter ao ler um livro e afirma que os livros devem ser como “um pedaço de gelo que se rompe em um mar congelado que temos dentro de nós”.
       Para Neiva, a leitura é “como algo que nos constitui, que nos põe em questão aquilo que somos” e sua importância não existe apenas dentro de um texto, mas também dentro das pessoas. A leitura tem o poder de afetar o sentido do leitor, entrar no que existe de mais íntimo no ser humano, ela é uma “experiência de transformação”, frisou a professora.
       Durante o minicurso, foram passados alguns exemplos de livros e textos que tratam de assuntos importantes e questionáveis. Um deles foi o livro “Dom Quixote de la Mancha” que trata de um personagem considerado polêmico para a época, não por ser um louco, mas por ter tamanha sensibilidade que, aos olhos dos outros, era visto como um louco. De acordo com a ministrante, a primeira edição do livro foi publicada num momento no qual o mundo era dominado pela censura, e o autor trata de questões como: o excesso de religiosidade, os domínios comerciais e, principalmente, o direito de pensar, falar, escrever, cantar o que quisesse, direito que a censura tirava, ou tentava tirar, das pessoas.  Também foi trabalhado o texto “Una palabra enorme” de Mario Benedetti, que trata da história de uma criança cujo pai, um jornalista, foi preso em um cárcere chamado “Liberdade”. Segundo Neiva, são dois os pontos importantes expostos: a presença masculina no desenvolvimento desta criança e, novamente, a censura que dominou vários países por longos anos.
       O resultado do minicurso foi o envolvimento completo do público, uma vez que Neiva, uma apaixonada não só por livros, como também pela cultura dos países de língua espanhola, foi capaz de fazer seus ouvintes enxergarem a literatura de outro modo.

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