terça-feira, 17 de maio de 2011

CRONICAR?

A primeira crônica de Will Cândido
Créditos a Pati e a Prof Lu


Há certas palavras, ou melhor, certos verbos, que não existem, mas deveriam existir. Dentro de uma casa, por exemplo, há inúmeros “verbos fantasmas”: ninguém os cita, ninguém os usa, mas todos sabem que eles estão ali.

O que não consigo compreender é o verbo cozinhar. Por que ele existe? Para mim, acaba se tornando uma espécie de preconceito com os demais cômodos da casa. Sim, é um absurdo! As pessoas dizem: estou cozinhando, vou cozinhar. Mas ninguém diz: estou salando, vou salar. Pobrezinha da sala! Ela é algo a mais, ou algo a menos que a cozinha? Por que essa distinção, ou melhor, por que essa não utilização do que parece ser mais que justo?

Banheirar seria nada mais do que o ato de usar o banheiro. Por que não dizemos que vamos banheirar ou que estamos banheirando quando usamos um banheiro? Imagine só o quanto o uso da palavra banheirando evitaria inúmeras explicações, de assuntos um tanto quanto indelicados. Poderíamos apenas dizer que estamos banheirando, ao invés de dizer: estou fazendo o número um, estou fazendo o número dois, estou tomando um banho. Seria algo muito mais prático, e bem mais rápido. Sem contar na quantidade de pessoas que não se sentiriam mais constrangidas com a tal explicação de o que estavam fazendo no banheiro.

Uma coisa intrigante: o verbo dispensar. Este existe, mas com um significado completamente diferente daquele a que deveria ser remetido. Todavia, o cômodo “dispensa” em si é um local para guardarmos coisas que nos serão úteis mais além, e não para mandar embora aquilo que não queremos mais, que não iremos mais utilizar ou alguém com quem não queremos ficar. Afinal de contas, quem nunca dispensou alguém?

Há infinitos motivos pelos quais as pessoas dispensam outras pessoas. Na balada, por exemplo, pessoas são dispensadas pelo simples fato de as outras acharem que conseguirão “algo” melhor até o fim da festa. Tem gente que dispensa alguém e usa o pretexto de “não faz o meu tipo”, e esse tipo inclui características como: altura, peso, estabilidade financeira, cor dos olhos e da pele. Mas, quando a pessoa não dispensa a outra, elas acabam parando em um quarto.

Usamos nossos quartos para fazer tantas coisas, algumas das quais não se comenta com ninguém. O quarto é o local da casa onde temos o nosso momento de privacidade. Quartar seria a mesma coisa que usar o quarto, e, apesar de a palavra ser estranha, quartar também salvaria a pele de muita gente. Oportunidades não hão de faltar. Imagine só, o que o uso da palavra quartar, com o seu significado tão abstrato, tão simples, tão amplo, faria...

Poderia fazer uma lista desses verbos que ninguém usa e que na realidade não existem. A gramática tornaria nossa vida menos dramática se verbasse com mais verdade e simplicidade. Assim são os seres humanos, que ficam por aí verbando sem se preocupar se a essência do verbo está sendo priorizada. Por isso a ideia foi demonstrada, o que importa, realmente, é a imaginação. Use e abuse, patenteie se for o caso, mais não deixe de expor o tamanho da sua criatividade.

Um comentário:

  1. Parabéns Will, pela criativadade e pela forma com que brincou com as palavras...
    Só uma sugestão: ESCREVA MAIS CRONICAS. (:

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