quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Aos indignados, minhas considerações, e aos oprimidos, a morte

                                                                           Fonte: http://definitivosimples.blogspot.com/

Por Jéssica Pauletti (Ciências/UFFS)

Antes do conteúdo, as preliminares. O filme “O menino do pijama listrado”(The boy in the striped Pyjamas) é uma adaptação, do cineasta Mark Herman, do livro de mesmo nome, escrito por John Boyne. Claro que o livro se atentava mais aos detalhes, mas por meio do filme podemos compreender globalmente a obra. No entanto, é recomendável a leitura do livro também, e adiante explicarei o porquê de tal sugestão.

Justiça, um direito de todos, menos aos judeus, de acordo com a concepção nazista. Ao assistir o filme “O menino do pijama listrado” compreendemos tal colocação. O longa apresenta, como pano de fundo, a segunda guerra mundial e lança mão da inocência e amizade entre Bruno (Asa Butterfield) e Shmuel (Jack Scanlon) para demostrar o quanto o holocausto se colocava de forma tortuosa entre as diferentes faixas etárias.


Ao se mudarem de Berlim para uma área desolada, Bruno e sua família passam a ter um cotidiano diferente para se adapatarem a nova morada. O pai era um oficial nazista, já a mãe era doce e atensiosa aos filhos e marido. Havia também a irmã que gostava de bonecas até conhecer um soldado que trabalha para seu pai, o qual impregnará na doce jovem os dogmas nazistas por meio de fotos, histórias, pôsteres.

Bruno, um menino que adorava livros de aventura e jogos de dama, já estava augustiado com a sua solidão. Suas brincadeiras estavam limitadas ao espaço de dentro e da frente da sua casa, já que sua mãe o proibia de brincar nos fundos da casa. A proibição e a curiosidade pela "fazenda", que via por uma simples fresta da janela, despertou nele o prazer da descoberta, que ficou na imaginação do garoto. Ao buscar a bola, que caiu na parte dos fundos, Bruno se depara com a possibilidade de sair e descobrir quem eram os seus vizinhos.

Desbravando a floresta, Bruno se deparou com a fazenda antes avistada por ele por meio da janela do seu quarto. Nela havia um singelo morador que roubou sua atenção desde a primeira troca de olhares, trata-se de Shmuel, garoto da mesma idade e ingenuidade de Bruno e que “vivia” no campo de concentração. O que os separa? A cerca elétrica. Mas tal empecilho não acabou com as frequentes visitas de Bruno ao campo de concentração, às vezes demoradas, outras rápidas.

Ao questionar seus pais, Bruno não compreendeu porque existia aquela fazenda e porque ela não era a mesma vista nos filmes que seu pai assistia. Nos filmes a que o pai assistia em casa, sobre os campos de concentração, as pessoas da fazenda eram felizes, tinham tempo para brincar, comer, viviam em condições humanas. No entanto, tudo isso se contradizia ao que Shmuel lhe contava, pois na fazenda que o seu amigo descrevia nada disso ocorria, havia fome, eles estavam sempre com a mesma roupa, ninguém podia os ver ali conversando. Nada disso nenhum dos dois meninos entendia e Bruno não tinha noção nenhuma do que acontecia ao seu redor. O menino Bruno ficou entre o que seu coração dizia, ver o pai como um heroi, e o que a realidade o mostrava, a tristeza do seu mais novo amigo.

Desfecho dessa insegurança? Ao saber que iriam se mudar novamente, Bruno vai se despedir de Shmuel, que estava triste pois seu pai desaparecera há dias e ele queria muito encontrá-lo. Para ajudar Shmuel na busca pelo pai, Bruno tem a brilhante ideia de entrar no campo de concentração. Para isso, Bruno veste um pijama listrado igual ao de Shmuel, e, desde o começo da visita, ele percebe a miséria na qual seu amigo ficava. Sem serem percebidos pelos soldados, ambos são levados com outros judeus para a câmera de gás. Ao se deparar com o sumiço do menino, a família se desespera e vai ao campo, mas é em vão.

Não se trata apenas de uma simples história, já que é baseada em fatos que, infelizmente, são reais. Certamente esse tema já foi amplamento explorado, mas relatar e entender o caos do nazismo sob o olhar inocente de dois meninos é algo, no mínimo, inusitado.

Como tamanho genocídio podia se camuflar entre o cotidiano social? É interessante pensarmos no quão os judeus sofreram com o nazismo. O que aquele povo tinha que intrigava tanto os alemães? Como uma grande nação ficou submetida às ideologias racistas de Adolfo Hitler? Para Hitler e para a sociedade alemã era “normal” violentar, oprimir, matar um judeu, pois eles amaeaçavam a hegemonia e pureza da raça ariana (germânica).

Ademais, os tempos correm e quantos semelhantes são mortos, pela fome, guerra, violência? Quantos meninos vestem pijamas e vivem em fazendas rodeados por grades? Não se trata de culpá-los ou inocentá-los pois, como percebeu-se, nem Shmuel e nem Bruno entendiam o que de fato acontecia.

Em época de comemorar o dia das crianças, no dia 12 de outubro, o que temos a relacionar com a história do filme e os meninos de hoje? Os garotos de hoje perdem sua infância na sociedade que os corrompe desde cedo e os faz vítimas de um holocausto, em vários aspectos. Além da exploração do trabalho infantil, que parece impossível que ainda ocorra, mas acontece em nosso cotidiano, encontramos outras formas de masacre infantil como a prostituição, as drogas, a violência sexual.

O filme “O menino do pijama listrado” apresenta outros aspectos que podem ser analisados, portanto fica a recomendação tanto para a leitura do livro como para se assistir ao filme. Além dessa obra, seguindo a mesma linha, o filme “O diário de Anne Franks” também pode ser visto, pois aprofunda a questão da corrupção infantil em meio ao nazismo.


Ficha técnica:

Título original: (The Boy in the Stripped Pyjamas)

Lançamento: 2008 (EUA, Inglaterra)

Direção: Mark Herman

Atores: Asa Butterfield, Zac Mattoon O'Brien, Domonkos Németh, Henry Kingsmill.

Duração: 94 min

Gênero: Drama

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