sexta-feira, 10 de maio de 2013

Estágio Curricular Supervisionado: momento de descobertas


O contato direto com os alunos me fez gostar mais da ideia de ser professor”


Jane Diceti (Letras – Português e Espanhol)


No segundo semestre do ano de 2012, a então sexta fase do curso de letras teve o primeiro contato com o estágio curricular. O mesmo é um componente obrigatório, indispensável à consolidação do desempenho profissional desejado e tem como objetivo vivenciar as várias etapas da atividade docente. No semestre que passou, o estágio teve como objetivo um conhecimento geral da escola e os acadêmicos realizaram uma observação com o objetivo de diagnosticar a realidade do ensino de Língua Portuguesa e de Língua Espanhola e suas literaturas no ensino fundamental e médio.

De acordo com o Regulamento de Estágio do Curso de Letras, o estágio é essencial para a formação do licenciando e objetiva, entre outras coisas, vivenciar as várias etapas da ação pedagógica, participar de situações concretas no campo profissional, experienciar a construção e a produção científica de conhecimentos acerca do ensino de línguas como exercício profissional, confrontar a realidade e a prática com o intuito de planejar futuras ações pedagógicas.

O Estágio Curricular Supervisionado do curso de Letras tem início a partir da sexta fase, como já mencionamos acima, e visa a cumprir uma carga horária de 600 horas. Destas, 300 horas são dedicadas para Língua Portuguesa e 300 para Língua Espanhola. Dividido em cinco etapas, o estágio compreende os seguintes objetivos: no Estágio Curricular Supervisionado em Língua Portuguesa I e Língua Espanhola I, os acadêmicos fazem uma observação, com o objetivo de diagnosticar a realidade do ensino de língua e literatura no ensino fundamental e médio.

No Estágio II, faz-se o planejamento e a testagem de aulas. Os acadêmicos desenvolvem planos de aula referente a conteúdos de língua (portuguesa e espanhola), e realizam aplicação através de oficinas, sendo monitorados pelos respectivos supervisores do estágio. Ainda, o estágio III segue com a elaboração e a testagem de aulas, agora referentes às literaturas de língua portuguesa e língua espanhola.

Nos dois últimos estágios, estágio IV e V, os estagiários elaboram e executam os projetos de docência de Língua Portuguesa e Língua Espanhola e suas respectivas literaturas no ensino fundamental e no ensino médio.


Nestes dois últimos estágios, o Regulamento preconiza a obrigatoriedade de socialização das experiências resultantes da implementação do projeto de docência, o que não impede que os estágios anteriores não sejam também socializados, como ocorreu com o Estágio Curricular I. Além disso, também diz que, ao final de cada um dos estágios, os estudantes deverão fazer um relatório analítico- reflexivo, relacionando a teoria e a prática de ensino.
Sabrina Casagrande
Alunos da 6ª fase de Letras, em 2012.2, apresentando suas experiências de estágio.
Sobre o campo de estágio de Letras, o Regulamento de Estágio aponta as escolas como as unidades concedentes de estágio para os cursos de licenciatura. Estas podem ser de caráter privado ou público, desde que ofertem ensino regular e estejam conveniadas com a UFFS. Quando não houver campo para o estágio de Língua Espanhola no ensino regular, tal estágio poderá ser desenvolvido em cursos livres de idiomas, aulas de outra língua estrangeira ou, ainda, de outra forma, definida pelo colegiado do Curso.

No semestre que passou, o estágio de Língua Portuguesa ocorreu em diversas escolas, localizadas na região, próximas da universidade, facilitando o deslocamento dos acadêmicos. Já, para o estágio de Língua Espanhola, se fez necessário uma viagem, dos acadêmicos juntamente com os orientadores. Esse momento foi muito importante, pois é a oportunidade de nos confrontar com outras realidades, tanto no que se refere à cultura quanto ao ensino.

A viagem foi realizada para as cidades de Dionísio Cerqueira (SC) e Bernardo de Irigoyen (AR), já que em nossa região não há aulas de espanhol no ensino regular, pois o currículo escolar oferta uma outra Língua Estrangeira, que é o Inglês. O estágio de Língua Espanhola foi realizado nas seguintes escolas: “Escola Estadual Theodoreto Carlos de Faria Souto”, na cidade de Dionísio Cerqueira – SC, e “Escuela de Frontera de Jornada completa nº 604” (Escuela Intercultural Bilíngue nº1), em Bernardo de Yrigoyen - Argentina. As escolas foram escolhidas pelos orientadores do componente curricular, Marcos Roberto da Silva e Ana Carolina Teixeira Pinto, pela razão de as escolas participarem de um programa argentino-brasileiro de escolas bilíngues, o Programa Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira (PEIBF).
Marcos Silva/UFFS
Alunos da 6ª fase do Curso de Letras, na Escola Estadual Theodoreto Carlos de Faria Souto de Dionísio Cerqueira (SC).

Apesar de não haver oferta regular de língua espanhola na região, há uma lei que regulamenta esta oferta. A Lei Federal Nº 11.161, de 5 agosto de 2005, obriga todas as escolas de ensino público e privado a ofertar o espanhol para o ensino médio em todo território nacional de forma gradativa, em um prazo de cinco anos a partir da implantação da Lei. Isso daria ao aluno a oportunidade de optar entre o Espanhol ou Inglês. Se a lei fosse seguida rigorosamente, desde 2010 o espanhol deveria fazer parte do ensino regular, mas, em virtude da falta de profissionais na área de espanhol, tem-se encontrado dificuldades para que essa lei seja implantada. Diante da realidade, as escolas têm ofertado o espanhol através do curso CELEM (Centro de Estudos de Língua Estrangeira Moderna), com o objetivo de promover a aprendizagem de uma Língua Estrangeira Moderna (LEM), no caso, o espanhol, desenvolver a compreensão de valores sociais e adquirir conhecimentos sobre outras culturas.

Retomando a importância do estágio para os acadêmicos de Letras, o Comunica conversou com o acadêmico Márcio Rogério Plizzari, que vivenciou esse momento. Ele afirma: “o estágio de observação me proporcionou uma experiência muito importante. Pude perceber a realidade da vida escolar, bem como obtive um contato direto com alunos que me fizeram gostar mais da ideia de ser professor”. Márcio destaca ainda que outros estágios precisam ser feitos para que o estudante do curso de licenciatura seja mais bem preparado para uma futura atuação.
Jane Aparecida Diceti/Comunica
Alunos do 6º ano do Colégio Estadual João Zacco, da cidade de Planalto-PR, durante as atividades do Estágio I de Língua Portuguesa.

Esse primeiro contato com a prática pedagógica leva o acadêmico a uma reflexão, não somente com a vivência em sala de aula, mas com as diferentes dinâmicas que envolvem a escola nos mais variados aspectos. Também vale a pena ressaltar a expectativa que o primeiro estágio proporciona, tanto aos acadêmicos quanto aos coordenadores.

O professor e orientador do estágio de Língua Portuguesa, Clóvis Alencar Butzge, falou-nos um pouco sobre a importância do estágio para a formação de futuros professores, e como ocorreu o primeiro contato com a turma da sexta fase do curso de letras, já que essa é a primeira turma do curso a ir para o estágio. Segundo ele, "o estágio é um momento muito importante na formação inicial de docentes. No Curso de Letras, os estágios iniciam-se na sexta fase e se estendem até a décima fase. O primeiro estágio se constitui na observação da escola e das aulas de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, séries finais, e no Ensino Médio”. O professor ainda destacou o grande desafio que foi essa primeira incursão no campo de estágio já que tanto a UFFS quanto as escolas parceiras estão aprendendo com o processo, assim como os discentes.

Certamente esse processo de ensino-aprendizagem é um momento que causa um impacto, já que receber um grande número de estagiários não era uma realidade da região Sudoeste do Paraná, levando as escolas a uma processo de adaptação.

Mesmo que esse impacto tenha ocorrido, pode-se dizer que é um processo natural e todos saíram ganhando com esse novo aprendizado. Além disso, pode-se afirmar que o estágio foi um sucesso, e todos os acadêmicos tiveram uma acolhida nas suas respectivas escolas onde o estágio foi realizado, possibilitando uma interação positiva entre escola e universidade.

Neste semestre, a sétima fase fará o seu segundo contato com as escolas, com o estágio II que, como já dissemos acima, envolverá o planejamento e a testagem de aulas. O Comunica vai acompanhar mais esta experiência do Curso de Letras com os estágios e manterá seus leitores informados sobre o assunto.




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