“O
contato direto com os alunos me fez gostar mais da ideia de ser
professor”
Jane
Diceti (Letras – Português e Espanhol)
No
segundo semestre do ano de 2012, a então sexta fase do curso de
letras teve o primeiro contato com o estágio curricular. O
mesmo é um componente obrigatório, indispensável à consolidação
do desempenho profissional desejado e tem como objetivo vivenciar as
várias etapas da atividade docente. No semestre que passou, o
estágio teve como objetivo um conhecimento geral da escola e os
acadêmicos realizaram uma observação com o objetivo de
diagnosticar a realidade do ensino de Língua Portuguesa e de Língua
Espanhola e suas literaturas no ensino fundamental e médio.
De
acordo com o Regulamento de Estágio do Curso de Letras,
o
estágio é essencial para a formação do licenciando e objetiva,
entre outras coisas, vivenciar as várias etapas da ação
pedagógica, participar de situações concretas no campo
profissional, experienciar a construção e a produção científica
de conhecimentos acerca do ensino de línguas como exercício
profissional, confrontar a realidade e a prática com o intuito de
planejar futuras ações pedagógicas.
O
Estágio Curricular Supervisionado do curso de Letras tem início a
partir da sexta fase, como já mencionamos acima, e visa a cumprir
uma carga horária de 600 horas. Destas, 300 horas são dedicadas
para Língua Portuguesa e 300 para Língua Espanhola. Dividido em
cinco etapas, o estágio compreende os seguintes objetivos: no
Estágio Curricular Supervisionado em Língua Portuguesa I e Língua
Espanhola I, os acadêmicos fazem uma observação, com o objetivo de
diagnosticar a realidade do ensino de língua e literatura no ensino
fundamental e médio.
No
Estágio II, faz-se o planejamento e a testagem de aulas. Os
acadêmicos desenvolvem planos de aula referente a conteúdos de
língua (portuguesa e espanhola), e realizam aplicação através de
oficinas, sendo monitorados pelos respectivos supervisores do
estágio. Ainda, o estágio III segue com a elaboração e a testagem
de aulas, agora referentes às literaturas de língua portuguesa e
língua espanhola.
Nos
dois últimos estágios, estágio IV e V, os estagiários elaboram e
executam os projetos
de
docência de Língua Portuguesa e Língua Espanhola e suas
respectivas literaturas no ensino fundamental e no ensino médio.
Nestes
dois últimos estágios, o Regulamento preconiza a obrigatoriedade de
socialização das experiências resultantes da implementação do
projeto de docência, o que não impede que os estágios anteriores
não sejam também socializados, como ocorreu com o Estágio
Curricular I. Além disso, também diz que, ao final de cada um dos
estágios, os estudantes deverão fazer um relatório analítico-
reflexivo, relacionando a teoria e a prática de ensino.
Sabrina Casagrande
Alunos da 6ª fase de Letras, em 2012.2, apresentando suas experiências de estágio. |
Sobre
o campo de estágio de Letras, o Regulamento de Estágio aponta as
escolas como as unidades concedentes de estágio para os cursos de
licenciatura. Estas podem ser de caráter privado ou público, desde
que ofertem ensino regular e estejam conveniadas com a UFFS. Quando
não houver campo para o estágio de Língua Espanhola no ensino
regular, tal estágio poderá ser desenvolvido em cursos livres de
idiomas, aulas de outra língua estrangeira ou, ainda, de outra
forma, definida pelo colegiado do Curso.
No
semestre que passou, o estágio de Língua Portuguesa ocorreu em
diversas escolas, localizadas na região, próximas da universidade,
facilitando o deslocamento dos acadêmicos. Já, para o estágio de
Língua Espanhola, se fez necessário uma viagem, dos acadêmicos
juntamente com os orientadores. Esse momento foi muito importante,
pois é a oportunidade de nos confrontar com outras realidades, tanto
no que se refere à cultura quanto ao ensino.
A
viagem foi realizada para as cidades de Dionísio Cerqueira
(SC)
e
Bernardo de Irigoyen (AR),
já que em nossa região não há aulas de espanhol no ensino
regular, pois o currículo escolar oferta uma outra Língua
Estrangeira, que é o Inglês. O estágio de Língua Espanhola foi
realizado nas seguintes escolas: “Escola Estadual Theodoreto Carlos
de Faria Souto”, na cidade de Dionísio Cerqueira – SC, e
“Escuela de Frontera de Jornada completa nº 604” (Escuela
Intercultural Bilíngue nº1), em Bernardo de Yrigoyen - Argentina.
As escolas foram escolhidas pelos orientadores do componente
curricular, Marcos Roberto da Silva e Ana Carolina Teixeira Pinto,
pela razão de as escolas participarem de um programa
argentino-brasileiro de escolas bilíngues, o Programa Escola
Intercultural Bilíngue de Fronteira (PEIBF).
Marcos Silva/UFFS
Alunos da 6ª fase do Curso de Letras, na Escola Estadual Theodoreto Carlos de Faria Souto de Dionísio Cerqueira (SC). |
Apesar
de não haver oferta regular de língua espanhola na região, há uma
lei que regulamenta esta oferta.
A
Lei Federal Nº 11.161, de 5 agosto de 2005,
obriga
todas as escolas de ensino público e privado a ofertar o espanhol
para o ensino médio em todo território nacional de forma gradativa,
em um prazo de cinco anos a partir da implantação da Lei. Isso
daria ao aluno a oportunidade de optar entre o Espanhol ou Inglês.
Se a lei fosse seguida rigorosamente, desde 2010 o espanhol deveria
fazer parte do ensino regular,
mas,
em virtude da falta de profissionais na área de espanhol, tem-se
encontrado dificuldades para que essa lei seja implantada. Diante da
realidade, as escolas têm ofertado o espanhol através do curso
CELEM (Centro de Estudos de Língua Estrangeira Moderna), com o
objetivo de promover a
aprendizagem de uma Língua Estrangeira Moderna (LEM), no caso, o
espanhol, desenvolver a compreensão de valores sociais e adquirir
conhecimentos sobre outras culturas.
Retomando
a importância do estágio para os acadêmicos de Letras, o Comunica
conversou com o acadêmico Márcio Rogério Plizzari, que vivenciou
esse momento. Ele afirma: “o estágio de observação me
proporcionou uma experiência muito importante. Pude perceber a
realidade da vida escolar, bem como obtive um contato direto com
alunos que me fizeram gostar mais da ideia de ser professor”.
Márcio destaca ainda que outros estágios precisam ser feitos para
que o estudante do curso de licenciatura seja mais bem preparado para
uma futura atuação.
Jane Aparecida Diceti/Comunica
Alunos do 6º ano do Colégio Estadual João Zacco, da cidade de Planalto-PR, durante as atividades do Estágio I de Língua Portuguesa. |
Esse
primeiro contato com
a
prática pedagógica
leva
o acadêmico a uma reflexão, não somente com a vivência em sala de
aula, mas com as diferentes dinâmicas que envolvem a escola nos mais
variados aspectos. Também vale a pena ressaltar a expectativa que o
primeiro estágio proporciona, tanto aos acadêmicos quanto aos
coordenadores.
O
professor e orientador do estágio de Língua Portuguesa, Clóvis
Alencar Butzge, falou-nos um pouco sobre a importância do estágio
para a formação de futuros professores, e como ocorreu o primeiro
contato com a turma da sexta fase do curso de letras, já que essa é
a primeira turma do curso a ir para o estágio. Segundo ele, "o
estágio é um momento muito importante na formação inicial de
docentes. No Curso de Letras, os estágios iniciam-se na sexta fase e
se estendem até a décima fase. O primeiro estágio se constitui na
observação da escola e das aulas de Língua Portuguesa no Ensino
Fundamental, séries finais, e no Ensino Médio”. O professor ainda
destacou o grande desafio que foi essa primeira incursão no campo de
estágio já que tanto a UFFS quanto as escolas parceiras estão
aprendendo com o processo, assim como os discentes.
Certamente
esse processo de ensino-aprendizagem é um momento que causa um
impacto, já que receber um grande número de estagiários não era
uma realidade da região Sudoeste do Paraná, levando as escolas a
uma processo de adaptação.
Mesmo
que esse impacto tenha ocorrido, pode-se dizer que é um processo
natural e todos saíram ganhando com esse novo aprendizado. Além
disso, pode-se afirmar que o estágio foi um sucesso, e todos os
acadêmicos tiveram uma acolhida nas suas respectivas escolas onde o
estágio foi realizado, possibilitando uma interação positiva entre
escola e universidade.
Neste
semestre, a sétima fase fará o seu segundo contato com as escolas,
com o estágio II que, como já dissemos acima, envolverá o
planejamento e a testagem de aulas. O Comunica vai acompanhar mais
esta experiência do Curso de Letras com os estágios e manterá seus
leitores informados sobre o assunto.
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