quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

UFFS e Escolas de Realeza e Capanema marcam presença na Ficiencias


Projetos orientados por bolsistas dos subprojetos PIBID Física e PIBID Interdisciplinar em Ciências da Natureza são apresentados na Feira de Inovação das Ciências e
Engenharias 2014

Por Vanessa Pagno (Química/ UFFS)

A Feira de Inovação das Ciências e Engenharias (Ficiencias) é um espaço em que estudantes das escolas apresentam projetos inéditos e inovadores com o objetivo de contribuir com o conhecimento e a evolução das ciências. Para participar desta Feira, alunos das escolas devem desenvolver projetos de pesquisa e submeter à avaliação do evento. A Ficiencias aconteceu no Parque Tecnológico da Itaipú (PTI), na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu.

Nesta terceira edição, a Ficiencias teve diversos projetos submetidos, de alunos brasileiros, argentinos e paraguaios. Do Brasil foram 320 projetos submetidos e 140 projetos aprovados. Destes projetos, sete foram orientados por acadêmicos bolsistas do Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza.


Para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa, os alunos são orientados por um orientador e um co-orientador, geralmente um professor da escola. Nas escolas de Realeza e Capanema, os acadêmicos bolsistas dos subprojetos PIBID Física e PIBID Interdisciplinar em Ciências da Natureza se dispuseram a orientar alguns alunos em diversos projetos. Para a realização destes trabalhos, houve o desenvolvimento de um projeto de pesquisa em diferentes áreas, dentre elas, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias, Engenharia e Ciências Sociais Aplicadas. Depois de aproximadamente cinco meses de trabalho, estes projetos foram apresentados na feira Ficiencias, nos dias 11 a 14 de novembro, em Foz do Iguaçu.

Para saber mais sobre cada projeto, o Comunica entrevistou os orientadores dos projetos (bolsistas do PIBID), que relataram como foi a participação na Feira Ficiencias.

Estacionamento inteligente

Um dos projetos apresentados na Feira, na área das Ciências Exatas e da Terra, foi o “Estacionamento inteligente”, desenvolvido por alunos do Colégio Estadual Rocha Pombo, de Capanema – Paraná. Este projeto foi coordenado pela acadêmica do curso de Física da UFFS e bolsista do PIBID Subprojeto de Física, Graciele Teixeira Chielle, e pela professora da escola, Clarice Pompemaier Ramella. Os alunos da escola que participaram do desenvolvimento deste projeto, assim como da apresentação do mesmo na Ficiencias, foram: Daniel Henrique Krüger e Giacomo Henrique Rizzi.

Em conversa com o Comunica, os participantes desse projeto ressaltaram que a ideia de um estacionamento inteligente surgiu devido ao fato de que, em grandes centros, as pessoas se atrasam para o trabalho por congestionamento no trânsito e por encontrarem estacionamentos superlotados. Por isso, seu objetivo é facilitar a vida dos condutores de veículos, otimizando seu tempo e diminuindo a emissão de gases poluentes. Este estacionamento poderia ser aplicado em locais fechados como: shoppings centers; supermercados; lojas; empresas etc. Na entrada do local haveria uma representação do estacionamento informando a quantidade e as vagas disponíveis, sendo que essas vagas respeitariam as leis pré-estabelecidas. O estacionamento inteligente seria composto de quatro tipos de LEDs (Light Emission Diode), nas cores: vermelho, amarelo e azul. Considerando que no local da vaga haveria um sensor de pressão para detecção da vaga ocupada, o estacionamento indicaria se a vaga estivesse disponível, sendo que as vagas para motos e carros estariam no mesmo sistema, com peso mínimo da vaga do carro de 750 kg e peso mínimo para motos de 100 kg. Com a vaga ocupada, o LED vermelho seria acionado, quando a vaga estivesse disponível, seria acendido o LED verde. Se a vaga fosse exclusiva para deficientes físicos, seria acendido o LED azul, já se a vaga fosse exclusiva para idosos, acenderia o LED amarelo. Desta forma, com a implantação de um estacionamento inteligente, poderia ser otimizado o tempo, diminuindo possíveis atrasos, desconfortos causados pelo trânsito caótico atual, além de diminuir o consumo de combustível e a emissão de gases poluentes.

Flávio Riuzo So/ Acadêmico da UFFS
Apresentação do projeto estacionamento inteligente no Ficiencias (Da esquerda para a direita: Daniel H. k., Profª Clarice P.R., Giocomo H.R. e Graciele T.C.)
Movimento do corpo no carregamento de celulares

Outro projeto desenvolvido no Colégio Estadual Rocha Pombo, da Cidade de Capanema, e submetido na área de Ciências Exatas e da Terra, foi intitulado “movimento do corpo no carregamento de celulares”, e tem como orientadores a professora da escola, Clarice Pompermaier Ramella, e a acadêmica do curso de Física, Alessandra da Silva. Já a aluna do colégio envolvida neste projeto de pesquisa foi Camila Eduarda Lopes.

De acordo com os participantes deste projeto de pesquisa, este trabalho partiu da ideia de captar a movimentação do corpo humano e transformá-la em energia para carregar um celular, isso porque atualmente as pessoas se tornaram dependentes dos aparelhos celulares, que a cada ano estão mais desenvolvidos e com novos aplicativos, diminuindo assim a durabilidade das baterias. Pensando nisso, surgiu a ideia desse aparato, possibilitando seu carregamento enquanto a pessoa se desloca de um lugar para outro. A montagem dar-se-á por meio de componentes alternativos, ocorrendo um estudo paralelo referente à utilização da nanotecnologia, possibilitando a ampliação dos recursos utilizados. Tal pesquisa baseia-se nos princípios físicos de transformação, produção e reutilização de energia. Sendo assim, acredita-se que esse aparelho pode se tornar um difusor de praticidade, não causando danos ao ser humano, e surgindo como uma inovação dentro do mercado tecnológico.

Este projeto foi premiado, durante a Feira Ficiencias, na Categoria Aclamação Popular, em que os participantes do projeto inscreveram um vídeo referente ao projeto de pesquisa desenvolvido.


Alessandra da Silva/ Acadêmica da UFFS
Aluna Camila apresentando a ideia do projeto de Pesquisa.Uma viagem sobre o Parque Nacional do Iguaçu por meio de um balão dirigível movido a energia elétrica

Outro projeto da área das Ciências Exatas e da Terra, também apresentado por alunos do Colégio Estadual Rocha Pombo, foi o intitulado: “Uma viagem sobre o Parque Nacional do Iguaçu através de um balão dirigível movido a energia elétrica”. Este projeto foi desenvolvido pelo aluno do colégio, Gessé de Castro Adam, sob orientação da professora do Colégio, Clarice Pompermaier Ramella, e da acadêmica do Curso de Física da UFFS e bolsista do PIBID Subprojeto Física, Leidi Katia Giehl.

Em entrevista ao Comunica, os participantes deste projeto declararam que a ideia deste projeto surgiu tendo em vista a dificuldade que se tem de reabrir a Estrada do Colono, localizada no Parque do Iguaçu, que liga a cidade de Serranópolis do Iguaçu à cidade de Capanema – Paraná. Assim, levantou-se a ideia de criar uma alternativa para tornar possível o turismo dessa região, sabendo da grande biodiversidade encontrada nesse local e da necessidade de sua preservação. O balão seria movido a energia elétrica, sendo um meio de locomoção com pouca emissão de poluentes e barulho. O modelo do projeto que pretendia ser lançado seria um balão que tivesse total controle de velocidade, direção e pouso, abrigando um número mínimo de dez pessoas. Quanto à construção do balão demonstrativo, foi possível obter um bom conhecimento sobre os materiais a serem utilizados, quais são as dificuldades e limitações a serem superadas. Desta forma, percebe-se que esta proposta é viável, tanto para o turismo, quanto para a economia da região, e também como a biodiversidade desta pode servir como objeto de ensino, podendo despertar nas pessoas uma consciência ambiental fundamental para a região e para todo o planeta.


Arquivo Pessoal
 Acadêmicas Graciele Teixeira Chielle e Leidi Katia Giehl e o aluno Gessé durante apresentação na Ficiencias.
Monitoramento aéreo utilizando um foguete dois estágios

Já o projeto intitulado “Monitoramento aéreo utilizando um foguete dois estágios”, apresentado por alunos do Colégio Estadual Doze de Novembro, da Cidade de Realeza, teve como autores as alunas: Alini de Almeida e Lethicia Rampanelli, sob orientação da professora da escola, Joelma Piccoli, e do acadêmico do Curso de Física da UFFS e bolsista do PIBID Subprojeto Física, Felipe Burille.

De acordo com os participantes do projeto, este trabalho visava ao desenvolvimento de um equipamento inovador, de fácil manejo e sustentável. A fonte de inspiração desse projeto veio por meio do vídeo “Stage Water Rocket flies to 810” (246m). Com a construção do projeto pretendeu-se facilitar e agilizar a vida da comunidade em geral. Durante a realização deste projeto de pesquisa, elaborou-se um foguete alternativo, com uma microcâmera acoplada, que por meio de fotografias e vídeos aéreos facilita a visualização de grandes áreas de plantio, auxiliando os agricultores de reservas florestais e de áreas atingidas pelas catástrofes ambientais, além de permitir o controle de entrada e saída de pessoas em nossas fronteiras

É permitido, ao projeto, a extensão de um esquema rotineiro, em um curto espaço de tempo, para o lançamento do foguete na coleta de dados, controlando os recursos naturais. Em casos de suspeitas, a Policia Ambiental poderá ser acionada e de forma precisa saberá a área de destino. As etapas da construção do foguete foram desenvolvidas por meio de tentativas e pesquisas na internet, sendo que algumas partes foram desenvolvidas com facilidade e outras, por serem mais complexas, exigiram inúmeras tentativas até a finalização da etapa desejada. A base do foguete são garrafas pet de dois litros, que além de ser um material de fácil obtenção e com valores acessíveis, torna o projeto sustentável. As pesquisas, as discussões e o desenvolvimento do projeto foram realizados no laboratório do Colégio Estadual Doze de Novembro, com a participação e auxílio do co-orientador e do orientador. O grupo do projeto reuniu-se uma vez por semana desde abril de 2014, sendo que primeiramente pesquisou-se sobre o funcionamento de um foguete de garrafa pet à pressão, para depois começar a construção do mesmo, anotando dados e desenhando as partes do desenvolvimento do foguete no diário de bordo. Com o término do desenvolvimento do projeto, realizaram-se testes do protótipo que atendeu os objetivos propostos, sendo viável o funcionamento mecânico por meio de fotografias e vídeos.


Este projeto foi premiado, durante a Feira Ficiencias, na Categoria Vivência Estudantil.

Ficiencias
Premiação do projeto na Categoria Vivência Estudantil, durante Feira Ficiencias. 
Sistema de gotejamento de baixo custo e autossustentável

O projeto desenvolvido por alunas do 8º ano da Escola Estadual Dom Carlos Eduardo, Maria Gabrielly de Sousa da Rosa e Bianca de Lima Varella, foi intitulado “Sistema de gotejamento de baixo custo e autossustentável”. Neste projeto, as alunas receberam orientação dos bolsistas do PIBID Interdisciplinar em Ciências da Natureza, Christian Sossella e Vanessa Pagno, ambos acadêmicos do curso de Química – Licenciatura, da UFFS.

Em entrevista ao Comunica, as alunas declararam que a ideia surgiu da necessidade de fazer irrigação em determinadas plantações, e como o sistema de irrigação localizada (quando a irrigação é feita na planta) economiza água, sendo que o de menor custo seria o de gotejamento, pensou-se em montar um sistema de irrigação que levasse água diretamente às plantas, utilizando-se de uma bomba caseira. No entanto, para que esta bomba pudesse ter um maior rendimento, a ideia seria acoplar a este sistema uma bicicleta, na qual seria colocado um motor que transformaria a energia mecânica da bicicleta em energia elétrica, armazenando-a em uma bateria. Esta energia manteria o sistema em funcionamento por mais tempo. Desta forma, se o agricultor pedalasse 10 minutos, por exemplo, ele faria com que a água fosse bombeada de um poço rio ou lago, no entanto, quando ele parasse de pedalar, a energia armazenada faria com que este sistema permanecesse em funcionamento por mais 10 minutos.

Este projeto recebeu o prêmio Jovem Cientista, pelo desenvolvimento da pesquisa e apresentação na Feira. Esta participação na Ficiencias motivou muito os alunos participantes do projeto, os quais se encontram motivados a estudar cada vez mais e melhorar os projetos para a próxima edição da Feira.


Flávio Riuzo So/ Acadêmico da UFFS
Da esquerda para a direita: professora supervisora do PIBID Interdisciplinar em Ciências da Natureza na Escola Dom Carlos Eduardo, orientadora do projeto, Vanessa Pagno; alunas da Escola, Maria Gabrielly e Bianca, e coorientador do projeto, Christian Sossella, durante a Ficiencias. 
Caixa despertadora

Já o projeto inscrito na área das Engenharias foi intitulado “Caixa despertadora”, desenvolvido por alunos da Escola Estadual Dom Carlos Eduardo, de Realeza. Laura Fontana, Joice Marisa Vendrusco Carpenedo e Letícia Lorenzi da Rosa foram as alunas responsáveis pelo projeto, sob orientação dos bolsistas do PIBID Interdisciplinar em Ciências da Natureza, Allyine Andrade, acadêmica do Curso de Física da UFFS, e Christian Sossella. De acordo com os pibidianos, a Allyine foi a orientadora oficial do projeto, no entanto, pelo fato de que era menor de idade no momento da inscrição do projeto, esta passou a coordenação passou para a professora Marlene Della Giustina, supervisora do PIBID na escola, a qual auxiliou os alunos durante todo o desenvolvimento do projeto e, inclusive, na apresentação do mesmo na Ficiencias.

A ideia deste projeto, Caixa despertadora, seria construir uma caixa que sinalizasse o remédio que as pessoas deveriam tomar em seu horário certo. Esta ideia surgiu de uma das alunas que pensou em auxiliar principalmente pessoas idosas que sofrem por esquecer de tomar seus remédios no horário certo, prejudicando, assim, seu tratamento.


Flavio Riuzo So/ Acadêmico UFFS
Alunas Letícia e Joice, juntamente com a professora orientadora do projeto, Marlene Della Giustina, durante apresentação do projeto na Ficiencias.
Torneira Mecânica

O projeto Torneira Econômica, desenvolvido pelos alunos Lucas Antonio Ceconi Picolotto Vasan e Sérgio Tretin Junior, do Colégio Estadual Doze de Novembro, de Realeza, e orientado pelo acadêmico do Curso de Física e bolsista do PIBID Subprojeto Física, Flávio Ruizo So, foi inscrito na área das Ciências Sociais Aplicadas e sua ideia principal seria construir uma torneira mecânica para que a água possa ser utilizada de forma racional pelas pessoas. Isso, porque, segundo os autores do projeto, as altas emissões de gases que causam o efeito estufa na atmosfera, decorrentes da queima de combustíveis fósseis, provocam a destruição da camada de Ozônio, a elevação da temperatura atmosférica global, o derretimento do gelo nas calotas polares e o aumento do nível do mar. Outra consequência do aumento do efeito estufa é a escassez de água potável no continente, ocasionando a diminuição dos reservatórios de água para abastecimento humano com a perspectiva de agravamento desta situação para o futuro. Tendo em vista este último problema, elaborou-se um projeto com o objetivo de conscientizar e auxiliar as pessoas a reduzirem o desperdício de água. Assim, decidiu-se elaborar o seguinte projeto: uma torneira customizada com marcações pintadas com tinta para indicar às pessoas o quanto elas estariam consumindo em termos de litros de água por minuto, e também o custo desta vazão de água.

Para a realização do projeto, utilizou-se uma torneira de baixo custo encontrada no mercado local e mediu-se a vazão de água pelo tempo de um minuto. Inicialmente, utilizou-se o sistema de abastecimento que é proveniente diretamente da rua, e o mesmo procedimento foi realizado para uma residência com sistema de abastecimento de água com o uso de uma caixa de água, pois estas estão sujeitas a uma menor pressão de água. Realizou-se o cálculo do custo relativo a cada uma dessas vazões de água, tendo como base o valor do consumo mínimo cobrado pela Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR, que é responsável pelo abastecimento de água nesta região. Tendo estes dados convertidos em tabelas, foram sintetizadas duas fichas informativas para colocar junto às torneiras com as informações relevantes para a conscientização do usuário sobre os gastos de água. Com o uso de duas tampas plásticas de uma marca de desodorante, e realizando uma abertura na sua parte superior, acoplaram-se as tampas às torneiras. Nestas tampas foram pintadas com tinta tempera e esmalte as cores e graduações relativas à abertura realizada na torneira. As torneiras, ao serem instaladas nas residências, podem sinalizar ao consumidor sobre o desperdício de água e o seu valor gasto, abrindo a possibilidade de trazer uma mudança no hábito do consumidor.


Flavio Riuzo So/ Acadêmico UFFS
Alunos autores do projeto durante apresentação do trabalho na Ficiencias.
Projetos como esses, desenvolvidos por alunos das escolas da cidade de Realeza e região, com orientação de acadêmicos da UFFS em fase de formação, são de suma importância para o crescimento pessoal e profissional dos mesmos, além de estimularem a busca por conhecimento. A Feira Ficiencias proporciona este ambiente de pesquisa, de investigação e de interação e troca de experiências, uma vez que haviam projetos desenvolvidos no Paraná, Argentina e Uruguai. Além disso, a partir das orientações dos alunos da UFFS, os alunos das escolas puderam ter contato com a investigação, a partir do levantamento de situações-problema e do desenvolvimento de projetos de pesquisa, com a construção de conhecimentos abrangentes e diferenciados dos que se deparam na escola, assim, esta troca de ideias e conhecimentos passa a fazer toda a diferença no aprendizado dos estudantes, e isso é essencial para a Educação atual.



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