Por Felipe Weisheimer (Colégio Doze de Novembro/Realeza)
Poderia ficar sentada naquele banco por mais seis horas que nunca conseguiria entender. Culpar a minha família numa hora dessas seria muita falta de senso moral. O inferno deve ter congelado, afinal tive um - ao menos um - pensamento que considerei correto. Já não sabia mais o que fazer, meus olhos pareciam estar sendo pressionados e uma dor angustiante tomara conta das minhas têmporas. Massageá-las tornou-se praticamente impossível com a ponta dos dedos tão gélida.
Na noite em que saí de casa não pensei que me tornaria este monstro. Na verdade, eu já era, só faltava deixar sair. Mesmo sem poder contar as horas, sabia que a cada hora que passava, meus olhos doíam mais. Ardiam em chamas de culpa. Se alguém faz algo ruim a você, você retribui, não é mesmo? Mesmo com as mais diversas desculpas, eu ainda me culpava. E provavelmente continuaria me culpando, para sempre. Não há outra coisa para pensar aqui.
Perdia-me no labirinto branco que se formava na parede. Parede branca. Imaginava mil maneiras de me livrar do peso que estava sobre mim. Eu ainda escutava minha mãe me chamando. Ela gritava sem parar meu nome. Lúcia! Lúcia! E as palavras tornavam-se uma fumaça lilás que preenchia todo o espaço entre mim e a parede. Parede Branca. Desta vez toda branca, sem sangue algum, nem de mamãe, nem de ninguém. Sabia que tinha feito algo errado. Tudo bem, aceito a condenação. Mais alguns anos nesta solitária vão me fazer bem.
Poderia ficar sentada naquele banco por mais seis horas que nunca conseguiria entender. Culpar a minha família numa hora dessas seria muita falta de senso moral. O inferno deve ter congelado, afinal tive um - ao menos um - pensamento que considerei correto. Já não sabia mais o que fazer, meus olhos pareciam estar sendo pressionados e uma dor angustiante tomara conta das minhas têmporas. Massageá-las tornou-se praticamente impossível com a ponta dos dedos tão gélida.
Na noite em que saí de casa não pensei que me tornaria este monstro. Na verdade, eu já era, só faltava deixar sair. Mesmo sem poder contar as horas, sabia que a cada hora que passava, meus olhos doíam mais. Ardiam em chamas de culpa. Se alguém faz algo ruim a você, você retribui, não é mesmo? Mesmo com as mais diversas desculpas, eu ainda me culpava. E provavelmente continuaria me culpando, para sempre. Não há outra coisa para pensar aqui.
Perdia-me no labirinto branco que se formava na parede. Parede branca. Imaginava mil maneiras de me livrar do peso que estava sobre mim. Eu ainda escutava minha mãe me chamando. Ela gritava sem parar meu nome. Lúcia! Lúcia! E as palavras tornavam-se uma fumaça lilás que preenchia todo o espaço entre mim e a parede. Parede Branca. Desta vez toda branca, sem sangue algum, nem de mamãe, nem de ninguém. Sabia que tinha feito algo errado. Tudo bem, aceito a condenação. Mais alguns anos nesta solitária vão me fazer bem.
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