sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Estágio na Fronteira: Brasil – Argentina


Acadêmicos da 6ª fase do Curso de Letras realizam estágio de língua espanhola em região de fronteira

Por Eduardo Alves dos Santos (Letras Português e Espanhol/ UFFS)

Durante os dias 12 e 13 de novembro, os acadêmicos das turmas das 2ª e 6ª fases do Curso de Graduação em Letras Português e Espanhol – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Realeza realizaram viagem de estudos à tríplice fronteira de Barracão, Dionísio Cerqueira e Bernardo de Irigoyen, as primeiras no Brasil (Paraná e Santa Catarina respectivamente) e a última já pertencendo à vizinha Argentina.

A viagem teve, sobretudo, um caráter interdisciplinar, uma vez que envolveu ao todo quatro componentes curriculares (Estudos de Língua espanhola VI: Sintaxe, Estágio Supervisionado em Língua Espanhola I, Meio Ambiente Economia e Sociedade e Linguística Aplicada ao Ensino de Espanhol), sendo que todos os professores orientadores destas disciplinas acompanharam seus alunos para que se realizasse de forma mais eficaz aquilo que se propunha. O grupo de professores que acompanhou os acadêmicos de letras foi formado por Marcos Roberto da Silva, Ana Carolina Teixeira Pinto, Ângela Della Flora e Marilene Aparecida Lemos.


Eduardo Alves dos Santos/ Comunica
Da esquerda para a direita: os professores Marcos Roberto da Silva, Ana Carolina Teixeira Pinto, Ângela  Della Flora e Marilene Aparecida Lemos.
Na viagem, cada turma realizou atividades referentes aos seus componentes curriculares. Para a 2ª fase, o objetivo era observar e analisar as especificidades econômico-ambientais que se estabelecem naquele contexto de tríplice fronteira, tudo isso de forma a utilizar-se da língua espanhola como um “pano de fundo” de suas análises. Mais informações sobre as atividades desenvolvidas pela turma podem ser vistas na matéria escrita pela acadêmica da 2ª fase de letras, Andressa Masetto. A matéria na integra pode ser acessada a partir do link «http://projetocomunica.blogspot.com.br/2012/11/curso-de-letras-visita-cidades-gemeas.html»

Por sua vez, a 6ª fase do curso realizou a viagem com o objetivo principal de realizarem suas observações para o estágio supervisionado, as quais foram efetuadas na Escola Estadual Theodoreto Carlos de Faria Souto, na cidade de Dionísio Cerqueira – SC. A escola foi escolhida pelos professores orientadores da disciplina, Marcos Silva e Ana Carolina, pelo fato da escola participar de um projeto federal de escolas bilíngues, o Programa Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira (PEIBF).

Eduardo Alves dos Santos/ Comunica
Alunos da 6ª fase do Curso de Letras, acompanhados da professora Ms. Ana Carolina Teixeira Pinto.
O PEIBF trata-se de um programa desenvolvido em parceria pelos governos brasileiro e argentino, no qual se objetiva trabalhar a língua e a cultura do país vizinho no contraturno escolar (período integral). O projeto é pensado exclusivamente para estas cidades que se localizam em zona fronteiriça, uma vez que são os professores argentinos que vêm até o Brasil para ensinar as particularidades da cultura hispânica e os brasileiros fazem o trajeto inverso com a língua e a cultura do Brasil.

Questionada sobre o porquê de terem escolhido a escola de Santa Catarina para os alunos realizarem suas observações, a professora Ana Carolina disse ao Comunica que são três os motivos principais. Segundo a professora, a opção pela escola veio primeiro pelo fato de existir o interesse de aproximar os alunos de escolas que possuam o caráter de bilinguismo, em segundo lugar, há uma carência de escolas que tenham o espanhol na sua grade curricular, na região em que a UFFS – Campus Realeza está inserida, e por terceiro a professora disse que também foi escolhida tendo em vista que a universidade vem planejando abrir parceria com as escolas que fazem parte do projeto, possivelmente com caráter de pesquisa e de extensão.

Como o projeto observado não se passa apenas no Brasil, pois existe com a característica de ser aplicado nas duas cidades que compõem a fronteira, os alunos da 6ª fase também realizaram observações na escola argentina que faz parte do projeto, a Escuela de Frontera de Jornada Completa nº 604 (Escuela Intercultural Bilíngüe nº 1), em Bernardo de Yrigoyen. Sobre a visita à escola argentina, o acadêmico Alceni Elias Langner disse que “é impressionante as diferenças e divergências das condições das escolas na Argentina para com a realidade brasileira, no entanto a vontade de estudar prevalece”.

Para a aluna Jezebel Batista Lopes: “como futuros professores de língua portuguesa e língua espanhola, observar como é a prática de ensino da língua espanhola para alunos cuja língua materna é o Português, contexto que provavelmente muitos de nós vamos atuar, observando, desde os conteúdos trabalhados, as propostas metodológicas, foi de grande proveito, pois, já podemos refletir sobre como conciliar a teoria e a prática”.

Eduardo  Alves dos Santos/ Comunica
Alunos da 6ª fase do Curso de Letras, acompanhados dos professores Marcos Roberto da Silva e Ana Carolina Teixeira Pinto.
Para a acadêmica Marina Maria Conchi Rodrigues, também da 6ª fase, na viagem, além de ter um contato com as realidades das escolas, ter visto, de fato, como se configura uma escola bilíngue, os alunos puderam comparar, mesmo que o contato tenha sido limitado, a cultura dos países. Em conversa com o Comunica, a acadêmica falou; “Certo que o tempo que ficamos imersos naquele espaço não foi muito grande, contudo já pudemos ver alguns pontos divergentes entre as culturas, um exemplo disso é a comida que já se difere da que estamos acostumados aqui, na nossa região”. Claro que não se pode ver a realidade local daquela região como sendo a realidade da Argentina como um todo, contudo já é um contato relevante que os acadêmicos realizaram, sendo que alguns até cogitam a possibilidade de lecionar naquele contexto.

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