Por Eduardo Alves dos Santos (Letras: Português e Espanhol –
Licenciatura)
Por mais que o título deste texto
possa soar um pouco estranho a princípio, por associarmo-lo à
academia ou a um objeto utilizado para dar saltos, saibam que não é.
Evidentemente, não nos referimos ao trampolim em sua concretude, mas
sim a uma ideia que estabelecemos ao pensá-lo de forma simbólica e
aplicada a um contexto. O assunto de nossas aflições (para ser um
tanto dramático) é a relação entre docentes e as instituições
de Ensino Superior públicas, utilizando como exemplo o que ocorre na
universidade em que estamos.
A Universidade Federal da Fronteira
Sul e seus cinco campi
(sem contar o debatido campus
de Passo Fundo), desde os primórdios de 2010, abre suas portas para
professores das mais distintas áreas e especializações. Para
realizar seus sonhos da “universidade
própria” (no sentido de ser um anseio tão grande como o da casa
própria) os,
até então, mestres e doutores, tem de passar por algumas barreiras
para provar que estão aptos a exercerem as funções exigidas pela
academia.
Passando os obstáculos, temos,
então, os professores concursados de uma instituição de ensino
público superior. Na UFFS, a gênese de tudo foi no ano de 2010, com
a chegada daqueles que dariam o chute inicial para a construção
dessa universidade. Começou-se, com isso, a estruturação dos
colegiados dos cursos de graduação ofertados, com professores que
mais tarde somar-se-iam a outros que chegassem e assim todos viveriam
felizes para sempre, formando novos professores, veterinários,
nutricionistas, dentre outras. O problema é que, além da demora na
chegada de novos docentes (o que seria tema para outro texto), os que
aqui estão. por algum motivo, não permanecem.
Antes que se pense que isso é uma crítica direta à UFFS, deixamos claro que não é esta a nossa intenção, até mesmo porque essa especificidade de não permanência não foi inventada aqui. Há alguns dias, em conversa com um acadêmico membro do Centro Acadêmico de Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Dois Vizinhos de alguma forma chegou-se ao assunto docentes da instituição e, para nossa surpresa, lá as coisas não são tão diferentes. O acadêmico fez referência ao fato de, mesmo a Universidade realizando processos seletivos para ocupação de cargos em aberto, as cadeiras no campus permanecem vazias.
O caso da UTFPR é um pouco distinto do nosso na UFFS, mas uma das respostas para a situação daquela instituição pode ser aplicada também ao nosso contexto. Para isso, deixemos de falar em UFFS e passemos a pensar na instituição de forma localizada, que é o caso do Campus Realeza, realidade que vivenciamos. Quando o acadêmico da UTFPR nos passou a situação da instituição, usou a seguinte fala: “é saber que é para Dois Vizinhos, que o pessoal desiste”. A resposta que nos veio a mente (mas que pode ser contestada com facilidade) é sobre o local em que as instituições estão inseridas, cidades de pequeno porte em uma região interiorana. Esse é um fator que pesa quando se pensa em mudar-se para outra localidade ou mesmo permanecer nela, o da infraestrutura.
Esse argumento, contudo, pode ser rebatido se leva-se em consideração que nem todos os professores do Ensino Superior são oriundos de regiões de grande concentração urbana, como capitais e/ou cidades de portes médio e grande. Em verdade, no caso da UFFS – Campus Realeza, muitos são provenientes do interior, contudo não da região sudoeste do Paraná. Aí, precisamos somar à reflexão outra questão, de onde são estes professores que aqui atuam, de onde são suas famílias e demais laços de amizade.
Uma situação que, salvo algumas especificidades de cada caso, se repete é a seguinte: o sujeito é de uma cidade (norte de Mato Grosso, por exemplo), mas decide realizar o concurso em Realeza no Paraná para exercer a profissão para qual se preparou. O sujeito em questão deixa sua família no norte de Mato Grosso, pensando em, no futuro, voltar para sua terra. Ou seja, ele já entra na instituição com a ideia de sair. Nesse caso, a universidade acaba se tornando um trampolim para que ele chegue até o lugar onde ele quer estar, possivelmente uma instituição que seja mais próxima ao seu lugar de referência.
As vezes acontece situações diferenciadas, que chegam a ser interessantes. Dois professores que literalmente ocupam o lugar onde o outro gostaria de estar. Nesses casos, a solução parece ser simples, quando existe o diálogo entre as partes. Utilizando do exemplo dado acima, é o caso de um sujeito que quer estar em Realeza, mas trabalha no norte de Mato Grosso, trocar de lugar com aquele que está lá, mas gostaria de estar aqui, desde que suas formações permitam, é claro. O problema é que para que isso aconteça, um deve saber da existência do outro, o que, salvo situações extraordinárias, não é o que ocorre.
Infelizmente, não posso dizer que vejo uma alteração de cenário a curto prazo para a situação do Campus Realeza, uma vez que por essas cadeiras ainda passarão (literalmente) alguns profissionais, substituindo outros e deixando seus lugares para serem substituídos. Até mesmo, acredito que a realidade só se alterará quando os atuais graduandos, que são oriundos da região, saírem, se formarem e voltarem para assumir os postos. E, aos acadêmicos, só podemos dizer para não se apegarem muito aos professores novatos que com o passar do tempo vão chegando à instituição, porque a mala que ele utilizou para trazer suas coisas pode ser a mesma que as levará embora no dia seguinte.
Antes que se pense que isso é uma crítica direta à UFFS, deixamos claro que não é esta a nossa intenção, até mesmo porque essa especificidade de não permanência não foi inventada aqui. Há alguns dias, em conversa com um acadêmico membro do Centro Acadêmico de Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Dois Vizinhos de alguma forma chegou-se ao assunto docentes da instituição e, para nossa surpresa, lá as coisas não são tão diferentes. O acadêmico fez referência ao fato de, mesmo a Universidade realizando processos seletivos para ocupação de cargos em aberto, as cadeiras no campus permanecem vazias.
O caso da UTFPR é um pouco distinto do nosso na UFFS, mas uma das respostas para a situação daquela instituição pode ser aplicada também ao nosso contexto. Para isso, deixemos de falar em UFFS e passemos a pensar na instituição de forma localizada, que é o caso do Campus Realeza, realidade que vivenciamos. Quando o acadêmico da UTFPR nos passou a situação da instituição, usou a seguinte fala: “é saber que é para Dois Vizinhos, que o pessoal desiste”. A resposta que nos veio a mente (mas que pode ser contestada com facilidade) é sobre o local em que as instituições estão inseridas, cidades de pequeno porte em uma região interiorana. Esse é um fator que pesa quando se pensa em mudar-se para outra localidade ou mesmo permanecer nela, o da infraestrutura.
Esse argumento, contudo, pode ser rebatido se leva-se em consideração que nem todos os professores do Ensino Superior são oriundos de regiões de grande concentração urbana, como capitais e/ou cidades de portes médio e grande. Em verdade, no caso da UFFS – Campus Realeza, muitos são provenientes do interior, contudo não da região sudoeste do Paraná. Aí, precisamos somar à reflexão outra questão, de onde são estes professores que aqui atuam, de onde são suas famílias e demais laços de amizade.
Uma situação que, salvo algumas especificidades de cada caso, se repete é a seguinte: o sujeito é de uma cidade (norte de Mato Grosso, por exemplo), mas decide realizar o concurso em Realeza no Paraná para exercer a profissão para qual se preparou. O sujeito em questão deixa sua família no norte de Mato Grosso, pensando em, no futuro, voltar para sua terra. Ou seja, ele já entra na instituição com a ideia de sair. Nesse caso, a universidade acaba se tornando um trampolim para que ele chegue até o lugar onde ele quer estar, possivelmente uma instituição que seja mais próxima ao seu lugar de referência.
As vezes acontece situações diferenciadas, que chegam a ser interessantes. Dois professores que literalmente ocupam o lugar onde o outro gostaria de estar. Nesses casos, a solução parece ser simples, quando existe o diálogo entre as partes. Utilizando do exemplo dado acima, é o caso de um sujeito que quer estar em Realeza, mas trabalha no norte de Mato Grosso, trocar de lugar com aquele que está lá, mas gostaria de estar aqui, desde que suas formações permitam, é claro. O problema é que para que isso aconteça, um deve saber da existência do outro, o que, salvo situações extraordinárias, não é o que ocorre.
Infelizmente, não posso dizer que vejo uma alteração de cenário a curto prazo para a situação do Campus Realeza, uma vez que por essas cadeiras ainda passarão (literalmente) alguns profissionais, substituindo outros e deixando seus lugares para serem substituídos. Até mesmo, acredito que a realidade só se alterará quando os atuais graduandos, que são oriundos da região, saírem, se formarem e voltarem para assumir os postos. E, aos acadêmicos, só podemos dizer para não se apegarem muito aos professores novatos que com o passar do tempo vão chegando à instituição, porque a mala que ele utilizou para trazer suas coisas pode ser a mesma que as levará embora no dia seguinte.
Muito legal o texto!
ResponderExcluirE verdadeiro.
Ainda acredito que os laços familiares pesam muito nessas decisões.
Um abraço e bom trabalho!
Obrigado!
ExcluirAlguns professores se sentiram mal com a forma que a abordei o tema, mas não digo que a culpa seja deles e sim das circunstâncias.
E, claro, há muitas outras explicações para a não permanência. Cada caso é um caso. Só abordei algumas poucas possíveis.
Boa noite, Eduardo,
ResponderExcluirGostaria de parabeniza-lo pelo texto. Gostei muito de me deparar com um discurso em que as marcas de autoria socializam um olhar crítico da realidade que vivenciamos na Universidade. Como professor, entendo a necessidade de um maior fortalecimento entre o ensino, a pesquisa e a extensão, possibilitando que textos como o seu e projetos dessa natureza se expandam dentro da comunidade.
Um forte abraço,
Anderson Goulart