Por Yana Cristina
de Barba (Nutrição/UFFS)
Charge Por: Daniel Tomaiz de Campos (Química/UFFS) |
Contaram-me, cedo da
manhã, que naquela noite ninguém havia dormido, a não ser eu. A
gata, que até então era tida como o bebê da casa, estava no seu
primeiro cio. Foi só a primavera chegar que a mocinha com seus
hormônios transbordando passou a noite fora, à luz da lua, e nós,
ao som da cacofonia de miados.
Como era de se
esperar, todos da casa ficaram preocupados. O que faríamos com os
filhotes caso a gata realmente tivesse algum? Mas, principalmente, o
que faríamos se ela não conseguisse concebê-los, pois ela era tão
pequena, uma “criança”. E, assim, passamos o almoço discutindo
os pró e contras do caso, os riscos, mas também a vontade de
deixá-la ser o que realmente é, uma gata que possui um instinto
essencial - além o de dominar o mundo - que é ser mãe.
E nisso relembramos
como foram os primeiros dias de vida, ou quase morte, da nossa gata.
Encontrada abandonada na rua, ela estava cercada por cachorros, como
uma mola sendo jogada no chão, persistindo em voltar à posição
original. Naquele momento ela se portava como uma estátua em
miniatura, com seus olhinhos corajosamente fechados, a espera do
próximo golpe. Assim ela foi encontrada e assim ela foi resgatada. E
agora, depois de aproximadamente 5 meses, ela é outra gata, ou
melhor, ela realmente parece uma gata. Ainda com as orelhinhas
esfoladas e vermelhas, mas com visíveis avanços no crescimento dos
seus pelos brancos.
Enquanto
conversávamos, a gata continuava suas acrobacias pela casa, e volta
e meia voltava suas orelhas para nós, como se entendesse cada
palavra e estivesse determinada a se opor a nossa decisão, porque,
afinal de contas, a decisão não deveria ser nossa, mas dela.
Entretanto, quando penso em seu futuro, imagino que certamente os
gatinhos, caso ela venha a ter algum, terão de ser doados, e doar
sem consciência é contribuir para o abandono de animais, nesse
caso, de gatos. E como saber se eles não terão o mesmo destino
inicial de sua mãe, antes de nós a termos resgatado? Como sermos
capaz de permitir que a possibilidade de eles serem largados nas ruas
venha a acontecer?
O abandono não só
de gatos, mas de cachorros também, é um fato absurdo, mas presente
na nossa vida. Por exemplo, a Universidade Federal da Fronteira Sul
(UFFS) – Campus
Realeza é lar de muitos cachorros abandonados, mesmo Realeza sendo
uma cidade pequena. Se existem pessoas que conseguem descartar o
companheiro que lhe deu os melhores momentos, que é o que um animal
de estimação costuma nos fazer, como chamá-las de seres humanos?
Se for assim, os gatos (cachorros e animais de estimação em geral)
bem que poderiam mesmo dominar o mundo, e sei que nossa gata estaria
de acordo, pois afinal de contas, o instinto materno dela irá
procurar por um mundo melhor e mais seguro para seus filhotes que
possivelmente estão por vir...
Ótimo !
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